Todo mês um deus egípcio diferente!
Árvore Sagrada Ished
Em um país desértico como o Egito as árvores se destacam. Sua sombra e frutos são símbolos de proteção e vida. Das espécies nativas do Egito antigo uma que se destaca é o balanitin ou tâmara do deserto também chamada de bálsamo egípcio (Balanites aegyptiaca) [Foto 1]. Seus frutos eram consumidos frescos e secos e depositados como oferendas em tumbas desde a XII dinastia. Seus frutos também são mencionados na preparação de remédios e perfumes.
Esta árvore sagrada é representada nas paredes dos templos a partir da XVIII dinastia em uma cena ritual mítica cujo objetivo é dar longevidade e prosperidade ao reinado do faraó.
O faraó é representado de joelhos sob a árvore-ished enquanto os deuses Atum (ou Amun), Thot e Seshat escrevem o nome do faraó nos frutos da árvore. [Foto 2]
A árvore-ished é com frequência representada na vinheta do capítulo 17 do “Livro dos Mortos”, é sob esta árvore que acontece o combate entre o deus-sol Rê, a luz da vida e a serpente Apopis (ou Apophis, em grego), as trevas e o Caos.
O deus-sol é representado por um gato que com uma faca corta a cabeça da serpente. Miticamente esta luta aconteceria sob a árvore-ished que ficava localizada no santuário do deus-sol.
No “Livro dos Mortos” o morto se identifica com o gato solar “Eu sou aquele gato que partiu (serpente) na árvore-ished em Heliópolis na noite quando os inimigos do Mestre do Universo são exterminados” [Foto 3].
Em Heliópolis havia um recinto onde ficava a árvore-ished plantada sobre uma colina chamada “monte da decapitação”. Durante o festival anual em honra ao deus-sol os devotos iam até esta colina e colhiam ramos da árvore que eram levados para decorar o interior das casas como símbolo de renascimento e vitória da vida e da luz sobre as trevas.
Texto e fotos: Prof. A. Brancaglion