Tag: Escavação no Egito

Uma paisagem cheia de cores

No decorrer do trabalho de campo é comum que as missões visitem outras escavações e sítios arqueológicos nas proximidades. Escavar no complexo funerário de Neferhotep significa ser vizinho de muitas escavações, sítios e monumentos. Por exemplo, basta que viremos para o lado para podermos admirar o templo da rainha Hatshepsut em Deir el-Bahri.

Caminhar pela necrópole tebana é um ótimo exercício de apreensão da paisagem. Podemos perceber sua composição atual e também ter alguns indícios dos significados atribuídos pelos egípcios antigos àquela paisagem dinâmica, complexa e animada.

Em Deir el-Bahari

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Na tradição cristã, o Domingo de Ramos marca a entrada de Jesus em Jerusalém. Sua entrada na cidade é celebrada pelo povo que trás ramos nas mãos, que são agitados representando a alegria e a recepção deste momento. Encontramos algo semelhante no templo da rainha Hatshepsut, construído em Deir el-Bahari. Na Capela de Háthor, no segundo nível do pavimento (foto) temos a chegada da expedição que esta rainha enviou à terra de Punt (provavelmente próximo da atual Somália). Nela, os membros da expedição que retornam à Tebas carregam palmas como sinal de boas vindas. Encontramos ainda no Egito antigo a presença destas palmas como símbolo de recepção a alguém que chega, segura pelas divindades que guardam os portões do mundo inferior, provavelmente por serem também um símbolo de representação contra o mal. Não podemos afirmar que existe uma correlação entre as palmas do Domingo de Ramos e as encontradas no Egito antigo, mas é interessante observar que os mesmos símbolos são encontrados em culturas diferentes com sentidos semelhantes.

Antonio Brancaglion Jr.

Luxor, 14 de Abril de 2014

Escavações na necrópole tebana: TT49, TT187 e TT362 (El-Khokha)

No dia 10 de abril de 2014 teve início a temporada de 2014 de escavações, conservação e restauração no complexo funerário de Neferhotep. Ele foi um alto funcionário do templo de Karnak, portador do título de “Chefe dos escribas de Amun”. O Projeto Neferhotep está em curso desde 1999 sob a direção da Dr.ª María Violeta Pereyra, professora da Universidade de Buenos Aires. Atualmente o projeto engloba uma equipe de arqueólogos liderada pela Dr.ª Oliva Menozzi da Universidade de Chieti, Itália, e uma equipe de restauradores alemães que levam à cabo um importante trabalho de limpeza e consolidação da rica iconografia presente na tumba.