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Ciclo de Palestras – Egito, FAAP – São Paulo

Ciclo de Palestras em Egiptologia na FAAP, São Paulo, com o Prof. Dr. Antonio Brancaglion Junior.

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01/09/2014 – segunda-feira 19h às 22h15 (15 min intervalo)
O “LIVRO PARA SAIR AO DIA”: O LIVRO EGÍPCIO DOS MORTOS

29/09/2014 – segunda-feira 19h às 22h15 (15 min intervalo)
DEUSES E MITOS: O SAGRADO NO EGITO ANTIGO

01/11/2014 – sábado 9h às 12h15 (15 min intervalo)
O FARAÓ E A SACRALIZAÇÃO DO PODER

22/11/2014 – sábado 9h às 12h15 (15 min intervalo)
ENTRE O CÉU E A TERRA: PIRÂMIDES E TEMPLOS DO EGITO ANTIGO

Para maiores informações e inscrições, visitem o link:

http://www.faap.br/nucleocultura/palestras/palestra-egito.asp

O Egito antigo entre a arte, a religião e o ensino. Breve relato sobre o minicurso na UFBA.

Nos dias 14, 15 e 16 de julho estive na UFBA em Salvador para ministrar o curso “O Egito antigo entre a arte, a religião e o ensino” a convite dos Professores Marina Cavicchioli, de História Antiga e Marcelo Pereira Lima, de História Medieval. O minicurso é resultado de uma parceria entre o CMAC (Grupo de pesquisa em Cultura Material, Antiguidade e Cotidiano) e o Vivarium.

Arte e religião funerária do Egito antigo no III Ciclo de Debates do LEHC/UESB

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Hoje aconteceu na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, como parte integrante das atividades do III Ciclo de Debates do Labotarório de Estudos em História Cultural – LEHC a palestra “A Iconografia da Morte no Egito Antigo: Um olhar sobre a religião funerária do Reino Novo”.  O objetivo principal da atividade foi debater as concepções egípcias antigas do post-mortem, utilizando-se como meio privilegiado da análise da vasta iconografia contida no “Livro dos Mortos” e nas representações tumulares da antiga elite que sobreviveram até os nossos dias.  Para isso trabalhamos os conceitos básicos para a compreensão da arte egípcia antiga, arbodamos as caractéristicas principiais da religião funerária no Reino Novo egípcio, além de esquadrinhar a iconografia das principais pranchas do “Papiro de Ani”, um dos mais completos exemplares do Livro dos mortos já encontrados e que hoje se encontra em exposição no British Museum  em Londres.

Uma paisagem cheia de cores

No decorrer do trabalho de campo é comum que as missões visitem outras escavações e sítios arqueológicos nas proximidades. Escavar no complexo funerário de Neferhotep significa ser vizinho de muitas escavações, sítios e monumentos. Por exemplo, basta que viremos para o lado para podermos admirar o templo da rainha Hatshepsut em Deir el-Bahri.

Caminhar pela necrópole tebana é um ótimo exercício de apreensão da paisagem. Podemos perceber sua composição atual e também ter alguns indícios dos significados atribuídos pelos egípcios antigos àquela paisagem dinâmica, complexa e animada.

Enxergar a materialidade para agir no mundo: o Egito antigo no III Curso de Formação de Mediadores do Museu Nacional

Hoje demos vida às peças egípcias em exposição no Museu Nacional do Brasil – essa foi a impressão que os alunos do III Curso de Formação de Mediadores promovido pela Seção de Assistência ao Ensino fizeram questão de registrar. O objetivo da aula sobre o Egito antigo ministrada por mim hoje para os mediadores bolsistas de graduação e os alunos do Colégio Pedro II – a estes, minha especial admiração – não foi somente contar a história do Egito antigo mais uma vez, mas sim trazer essa história, através da cultura material, para o presente, refletindo criticamente sobre as contribuições que o Egito antigo pode dar a quem visita o Museu Nacional.

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Comecei contando um caso que vivi recentemente. Costumo visitar às vezes a sala egípcia para ver as peças, refletir sobre diversas coisas e ouvir as pessoas que por lá passam. Certa vez uma moça que aparentava ser de origem humilde junto com uma criança chegou perto do caixão com a múmia de Sha-Amun-em-su. Aproximavam-se sem nenhuma familiaridade com aquilo tudo, então resolvi puxar assunto. Contei a história da vida de Sha-Amun-em-su para essa moça: ela tinha sido uma mulher que morreu há muito, muito tempo e que havia sido uma cantora. Imediatamente a reação da moça que visitava o Museu foi me dizer: “Não! É múmia!”

Isso me tocou profundamente. A cultura material é desumanizada: não há, por grande parte das pessoas que por ali passa diariamente, a consciência de que se trata de seres humanos, e que foram mulheres e homens como nós – apesar de tão diferentes – que produziram aqueles maravilhosos objetos, lindíssimas expressões de humanidade, de crenças e práticas bastante peculiares.

Disse aos futuros mediadores do Museu Nacional que a maior tarefa que eles têm é a de humanizar as exposições. Somente dessa forma, sensíveis às diferenças e imensa variedade da experiência humana, no passado remoto e nos dias de hoje, é que as pessoas vão poder, por si só, também “dar vida” àquelas peças em exposição.

O Egito antigo, assim como todas as outras exposições do Museu Nacional, tem o enorme potencial de fazer com que todos percebam o mundo em que estamos inseridos hoje, através do olhar. A maior tarefa do Museu é alfabetizar o olhar para que as pessoas se tornem conscientes da materialidade que nos rodeia a todo o instante. É nessa materialidade que nossa vida se desenrola; onde estão marcadas as relações sociais de desigualdade, de pluralidade. Nós somos parte dessa materialidade e podemos modificá-la: “Se podes olhar, vê, Se podes ver, repara”, já disse José Saramago. Repara, ele nos diz, não somente no sentido de perceber, mas sim de consertar. Só podemos consertar o que conhecemos, e para conhecermos, precisamos estar conscientes do que somos em relação ao outro – diferente, porém absolutamente encantador.

Abordar a cultura material presente na exposição egípcia dessa forma muda completamente o sentido das coisas. De exóticas, estranhas, monstruosas (as múmias), as coisas tornam-se parte da nossa vida, ajudam a criar identidade e a noção de que, por mais que as coisas pareçam não mudar, estão em constante processo de modificação. O Egito antigo é um ótimo laboratório para desenvolver nas pessoas essa noção: uma cultura que durou por milênios aparentemente estática aos olhos destreinados, foi criativa, inovadora, altamente dinâmica e plural. E, sendo assim, produziu monumentos maravilhosos que hoje são patrimônio da humanidade, registro da grandiosa experiência humana no passado.

Os mediadores do Museu Nacional devem explorar esse potencial tendo a consciência plena de que podem – e devem – ver para reparar, através do exercício crítico e da percepção da materialidade das coisas, que mudam, que são históricas e possíveis de serem modificadas. A explicação dos detalhes das peças é absolutamente crucial para a compreensão da alteridade e construção de identidade e senso crítico através da cultura material, mas não deve se tornar o objetivo principal da mediação. O objetivo é chegar às pessoas; torná-las conscientes de que tudo está em mudança, de que o diferente deve ser valorizado, porque todos somos seres humanos e experimentamos o mundo de formas variadas.

Gostaria de agradecer a todos que participaram como alunos e aos organizadores pela oportunidade de aprender um pouco mais a enxergar – e reparar!

 

Aegyptologos: Egiptologia compartilhada.

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Brasil e Portugal, duas realidades que conheço bem, são caracterizados pela pouca oferta de profissionais devidamente qualificados para o ensino e a precária estrutura para a investigação de temas da Egiptologia. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, isso ainda se agravava quando um estudante ou interessado encontrava-se a muitas centenas de kilômetros da instituição mais próxima, inviabilizando não apenas uma pesquisa, mas às vezes, uma vocação. Por isso tive a ideia de criar esse espaço dedicado ao estudo de Egiptologia para os falantes de português. O site é na verdade uma proposta em perpétuo movimento.

Em Deir el-Bahari

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Na tradição cristã, o Domingo de Ramos marca a entrada de Jesus em Jerusalém. Sua entrada na cidade é celebrada pelo povo que trás ramos nas mãos, que são agitados representando a alegria e a recepção deste momento. Encontramos algo semelhante no templo da rainha Hatshepsut, construído em Deir el-Bahari. Na Capela de Háthor, no segundo nível do pavimento (foto) temos a chegada da expedição que esta rainha enviou à terra de Punt (provavelmente próximo da atual Somália). Nela, os membros da expedição que retornam à Tebas carregam palmas como sinal de boas vindas. Encontramos ainda no Egito antigo a presença destas palmas como símbolo de recepção a alguém que chega, segura pelas divindades que guardam os portões do mundo inferior, provavelmente por serem também um símbolo de representação contra o mal. Não podemos afirmar que existe uma correlação entre as palmas do Domingo de Ramos e as encontradas no Egito antigo, mas é interessante observar que os mesmos símbolos são encontrados em culturas diferentes com sentidos semelhantes.

Antonio Brancaglion Jr.

Luxor, 14 de Abril de 2014

Curso: O Egito Antigo entre a arte, a religião e o ensino

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Nos dias 14, 15 e 16 de julho a Ms. Thais Rocha da Silva irá ministrar na Universidade Federal da Bahia o minicurso O Egito antigo entre a arte, a religião e o ensino.

Ementa do curso: Discutir e apresentar as apropriações do Egito antigo no ensino brasileiro, dentro e fora da universidade. A partir da desconstrução de alguns paradigmas e da documentação textual e material, propomos analisar a sociedade egípcia problematizando ideias em torno de uma “religião” e de uma “arte” egípcias. Nesse escopo pretende-se discutir a visão dos egípcios sobre o mundo e a sua relação com a morte, destacando as principais abordagens da historiografia atual.